Ubuntu Phone – o meu
Quase um mês depois do lançamento do Ubuntu Phone , está na altura da minha primeira review.
Sou utilizador Android (ultimamente num bq Aquaris 5) há uma série de anos e, naturalmente, terei de fazer algumas comparações com este sistema operativo móvel, ao longo deste artigo.
Mas passando ao que interessa, o Ubuntu Phone é um telefone de 4,5 polegadas, o suficiente para caber numa mão sem ser pequeno demais. Estando eu habituado a um ecrã ligeiramente maior, senti uma ligeira regressão, mas que é facilmente compensada com a libertação da mão esquerda para navegar/controlar o telefone.
As grandes diferenças estão no sistema operativo, ser open source não chega como inovação, então a Canonical apresentou algumas novidades, que só no dia-a-dia se conseguem aferir se foram boas ou más escolhas.
A primeira é o facto de todos os limites do ecrã terem uma função, quando deslizamos o dedo:
- Esquerda curto - muito útil, uma vez que mostra o lançador semelhante ao que está presente no Ubuntu desktop e que nos dá acesso rápido às aplicações que usamos mais frequentemente (atalhos);
- Esquerda longo - substitui o botão home do Android mostrando o ecrã inicial. Nos primeiros dias, foi complicado não ter botões para controlar a navegação no telefone, mas rapidamente esta acção se torna automática;
- Topo - não há muito a dizer aqui, o sistema é equivalente ao sistema de notificações presente no Android, mostrando alguns atalhos para configurações básicas como activar o modo de vôo ou ligar/desligar o bluetooth;
- Direita curto - (era tão bom que o meu Android conseguisse fazer isto) permite alternar entre aplicações de forma muito muito rápida;
- Direita longo - mostra todas as aplicações abertas e permite voltar a elas com um toque ou arrastá-las para cima ou para baixo para as fechar;
- Fundo - mostra opções de configuração, caso haja, relativas à aplicação em que nos encontramos.
Tem-se escrito muito sobre a curva de aprendizagem necessária para a adoção deste novo modelo; eu considero que todas estas funcionalidades são bastante intuitivas e acrescento que, talvez, aquela que me tenha causado mais resistência tenha sido mesmo o facto de as opções de configuração da aplicação estarem em baixo e de eu nem sempre me lembrar de lá ir.
Outra novidade são os scopes ou escopos ou âmbitos, eu prefiro manter o termo original - Scopes. Os scopes funcionam como agregadores de conteúdos óptimos para consultar informação (notícias, vídeos, fotos) de uma forma centralizada, no entanto, nem sempre são eficazes quando queremos adicionar/editar informação no calendário ou enviar um e-mail. Ainda assim, atendendo ao facto de cerca de 80% da utilização do meu smartphone consistir em consultar informação presente nele, posso dizer que os scopes foram/são uma boa ideia. Ainda não consegui confirmar se é assim tão fácil como dizem - para um não programador - criar um scope, espero ter oportunidade para o fazer em breve e cá estarei para escrever sobre o assunto.
Nas aplicações disponíveis, notam-se grandes lacunas em relação ao que estou habituado a ter no bolso. Por ser um sistema ainda recente, há uma grande escassez de aplicações e grande parte das existentes funcionam como webapps o que limita bastante a sua utilização, principalmente sem um plano de dados associado. Estou habituado a ter aplicações que verificam regularmente se tenho, por exemplo, novos e-mails ou podcasts e, se tiver, transferem-nos para que eu os possa ler/ouvir em qualquer altura, por outro lado, com o sistema de webapps apenas consigo consultar os meus e-mails se estiver online, bem como os podcast. É compreensível, nesta fase, a opção das webapps, mas espero que, num futuro próximo, comecem a aparecer apps que utilizem conteúdo local, com naturais beneficios para os dados consumidos bem como para a rapidez no acesso aos conteúdos. Ainda no capítulo aplicações, durante este mês senti falta de algumas como o Sports Tracker (fazer snowboard sem ele não é a mesma coisa), Meo Music (espero que a PT cumpra com o prometido e desenvolva o seu conjunto de aplicações/scopes para Ubuntu Phone), OwnCloud, um cliente jabber (para Facebook Chat, Hangouts, …).
Esta análise não ficaria completa sem um rasgado elogio ao terminal do Ubuntu Phone: completo, funcional, intuitivo… idêntico ao que uso diariamente no meu desktop. É através dele que se consegue perceber que por detrás desta nova aparência e de um ecrã minúsculo (comparado com as 15 polegadas do meu laptop) está o Ubuntu que eu tão bem conheço, com crontab, rsync, servidor ssh e, se eu quiser, até apache2, assim, posso dizer adeus a aplicações como Juicessh ou conectbot do Android.
Ainda há muito caminho para percorrer, mas considero que o potencial é enorme e que estamos perante uma inovação na utilização das plataformas móveis.
Sendo este um artigo de opinião com base na minha própria utilização pessoal/profissional deste aparelho, acredito que tenham ficado muitas dúvidas por esclarecer, nesse sentido, na próxima quinta-feira, às 18h, farei um novo <em>hangout</em> em que poderei responder a todas as perguntas que achem pertinentes.
Não sendo vinculativo, mas por uma questão de organização, agradeço a inscrição através do seguinte formulário. Caso tenham interesse em avançar já com algumas perguntas, podem usar este outro formulário (algumas das respostas que eu ainda não tenha, posso tentar obtê-las junto da Canonical, Bq ou Meo).
Nota: O link para o hangout será publicado aqui, na quarta-feira, momentos antes das 18h00.